Páginas

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vida de Madrasta....

Vida de Madrasta

O ser humano pode ser uma caixa cheia de surpresas. Os diferentes sentimentos e sensações, de cada um, é algo inexplicável. Na vida de uma Madrasta acontece a mesma coisa. Tem a mulher que encara na boa os dias de convivência da criança com o pai em sua casa, a bagunça, a birra, os brinquedos pelo chão. E tem a Madrasta que sofre por não ser a primeira a dar um filho para o homem que ama e não suporta ver a enteada, que é a cara da mãe, dentro de sua casa.
Esses sentimentos inadequados são tão sem propósito que deixam até a Madrasta sem saber explicar o porquê de sentir algo tão sem sentido. Para fazer essa Madrasta se sentir melhor, digo que ela não foi a primeira a dar um filho para esse homem, mas ela dará o filho que o pai poderá ver todos os dias ao acordar. A criança pode ser "a cara da mãe", mas pode adquirir os hábitos e ter os costumes semelhantes aos do pai, se tiver a oportunidade de conviver com ele.

Ciúme é um sentimento que não se controla e para conviver com ele, a Madrasta tem que se policiar. Ser racional e lutar contra os pensamentos absurdos que aparecem. Se a criança não sai do colo do pai, basta lembrar como foi sua infância. A madrasta teve um pai presente? Se teve, foi muito bom, guarda boas lembranças e deve desejar essa mesma experiência para os enteados. Se não teve um pai presente, sabe que ficou um vazio, sempre faz falta e que bom que essa criança terá a oportunidade de ter um pai que participa da vida dela.

O pai muda quando a criança chega? A madrasta pode reclamar que o pai só dá atenção para a criança, que não a chama para participar, até muda de voz na hora de conversar com o filho. É comum o pai querer aproveitar ao máximo o curto tempo que passa com os filhos, mas então se não pode vencê-los, deve juntar-se à eles. A madrasta pode se integrar, fazer com que as crianças gostem de sua presença e grudem nela também.

O que faz muita diferença na vida da madrasta, é o comportamento do pai e da mãe da criança. Se o pai percebe que a nova esposa tem dificuldades para aceitar o seu passado, vale a pena deixar bem claro que o que ele viveu já passou, foi bem ruim, por sinal e que a maior alegria da vida dele foi tê-la encontrado. Quanto mais ficar claro para a madrasta que apesar de ter um filho daquela mulher, nada restou além disso, será mais fácil prosseguir. Muitos homens acham que esse sentimento é ridículo, não dão importância, até caçoam de tal fraqueza e passam anos em discussões sem fim sobre esse passado. Cortar o mal pela raiz é o ideal.

O pai não deve ter dó da criança e deixar de educá-la porque a vê tão pouco. Não deve ter medo da ex e aceitar chantagens. Imagine a relação da madrasta com a criança dentro de uma relação movida com esses combustíveis. A criança não tem hora para dormir, decide se quer dormir na estante ou dentro do armário. A criança só vai para a casa do pai SE ele comprar um elefante com corcovas. Se a ex não estiver a fim, não manda a criança e se ele quiser vê-la pode, desde que ao chegar dê três pulinhos em frente ao portão, passe sob o carro que está estacionado na garagem e depois cante uma música sem errar a letra.

Achou os exemplos acima sem sentido? Pois é assim que vive diariamente uma madrasta quando o pai da criança diz que vai colocar a criança para dormir em sua cama porque ele tem medo do escuro e não conhece a casa direito. E quando o pai volta para a casa sem a criança porque a mãe não deixou trazê-la, porque ela está com tosse.

Surgem então as divergências e explico para as madrastas que sim, elas podem e devem palpitar, dizer o que acham que não está adequado, mas quem decide é o pai da criança. O que eu espero é que esse mesmo pai valide dicas de sua nova companheira, pois ele tem o direito de ter vida após a paternidade e ele também manda. Filho não é propriedade da mãe e por existir uma hierarquia óbvia, ele decide onde e quando a criança vai dormir, por exemplo. Por sua vez, a madrasta tem que falar com jeito ao explicar suas ideias ao companheiro. Se gritar, criticar, descabelar, não será ouvida e será simplesmente taxada de ciumenta.

Uma das sequelas da separação é conviver menos com a criança, pois normalmente a guarda é dada à mãe. E não vai dar para compensar os dias, horas, minutos perdidos. O importante é ser um pai presente no período de convivência estipulado, sem alterar a vida de todos. Portanto, a criança pode brincar e passear com o pai durante o dia e dormir às 8:00 da noite, na cama dela, quando estiver na casa do pai. E o pai pode então, tomar seu banho demorado, assistir a um filme ao lado de sua nova esposa, mesmo que seja o final de semana de receber seu filho em sua casa.

A mãe é quem mais tem que se policiar. Será a nova realidade dela dividir a criança com o pai e a madrasta, da mesma maneira que quando ela tiver um namorado o pai terá que agir com boa vontade também. Faz mal para seu próprio filho falar mal de seu pai, afastá-lo dele. Ele pode ter sido o pior marido do mundo, mas é o pai que essa criança tem e ela quer esse pai! Mãe nenhuma tem o direito de falar mal da madrasta e criar um clima infernal. Vamos lembrar que a qualquer momento uma ex-esposa pode tornar-se madrasta e não precisa esperar isso acontecer para se colocar no lugar da nova esposa de seu ex-marido.

E como uma madrasta também pode se tornar uma ex-esposa, vale muito a pena procurar ajuda quando não conseguir enfrentar sozinha os sentimentos malucos que passam pela mente do ser humano ao viver esse papel.

Fonte: http://robertapalermo.blogspot.com

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Megera



Há um tipo de mulher que me irrita e me deixa totalmente abatido: a megera. Ela me dá vontade de alterar o passado. Eu me envergonho do sol que bate na minha janela.

Corrigindo, a megera não é uma mulher; é a falta de mulher. Tampouco é um homem; é a ausência de sexualidade.

A megera não é mal-amada; ela não ama.

A megera dirá que você abandonou os filhos quando, na verdade, se separou dela. Ela não sairá do passado porque não tem futuro. Fará com que seu filho o odeie; não suporta odiá-lo desacompanhada.Produzirá na criança uma bomba-relógio contra o pai, a explodir na adolescência.

A megera educa seus filhos para não ter amigos e amores. Amigos e amores afastam os filhos dela. Tentará atingi-lo sempre usando as crianças contra você. Sua malícia é revestida de ingenuidade infantil.

Depois de meses sem notícia, telefonará para ofendê-lo de pai ausente, quando é ela que não deixa a criança conviver sem culpa.

A megera é a Idade Média.

A megera costuma falar mal de você de propósito na frente do filho.Incitará os filhos a questionarem sua atual esposa. Que briguem com ela. Que provoquem. Qualquer tapa moral que a atual esposa der no filho para repreender, a megera armará um barraco alegando que seu filho foi espancado.

Ela pode bater no filho de cinto, mas não permite que ninguém rivalize com sua raiva.

É fácil reconhecer uma megera: ela não mente; ela exagera. Ela não se depila; ela se corta. Não sofre por fazer sofrer.

Ela tem filhos e cria os filhos para dizer que fez tudo sozinha. É a vítima de sua própria ambição. Depois não consegue sucesso profissional e amoroso e culpa os filhos porque foi obrigada a ser mãe em tempo integral.

O triste é que os filhos não podem se separar da megera, como o pai. A megera terá sua família para fingir que ela não é uma megera.A megera é incapaz de falar "Tudo bem?"; logo, pergunta "O que foi?"

A megera entrará na justiça para avisar que você é rico e famoso e sonega rendimentos. Nunca diga sequer uma vírgula para a megera, ela não é confiável nem num enterro.

A megera está se lixando para a felicidade dos filhos, para a compreensão entre os irmãos de outros casamentos.

A megera não conseguiu ser feliz; é seu propósito não deixar ninguém mais ser. Pelo bem dos filhos, a megera esquecerá os escrúpulos. Ela quer aparecer na foto quando não foi convidada.
A megera é a bomba-relógio que deveria ter explodido na adolescência. A megera colocará seu filho no psicólogo, mas esquecerá de ir ao psicólogo. A megera pedirá para que fique com os filhos quando está interessada em viajar.

Será educada somente quando não tiver opção. Ela encontrará um jeito de não permitir que seu filho viaje com você. A megera é o fracasso do amor.


http://tudo-tem-historia.blogspot.com/2009/03/megera.html

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Carroça Vazia
 
    Certa manhã o meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque.
Deteve-se subitamente numa clareira e perguntou-me:
- Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos e respondi:
Estou a ouvir o barulho de uma carroça.
- Isso mesmo, disse o meu pai, de uma carroça vazia.
Perguntei-lhe:
- Como sabe que está vazia, se ainda a não vimos?
- Ora, é fácil! Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
Cresci e hoje, já adulto, quando vejo uma pessoa a falar demais, aos gritos, tratando o próximo com absoluta falta de respeito, prepotente, interrompendo toda a gente, a querer demonstrar que só ele é dono da verdade, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai a dizer:
- Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Artigo de Psicologia - O Orgulho

“Nos tempos da Dinastia Sui, nas terras do  imperador Yang Jian, vivia um mestre chinês, Jian Da-Hong, sexagenário, e seus dois discípulos favoritos:  Shen Zhu-Nai e Jin-Luan, dois adolescentes. Eles tinham sido entregues aos cuidados do mestre Da-Hong quando tinham sete anos, após terem perdido os pais em conflitos bélicos a serviço do imperador. Os garotos haviam sido submetidos a duras provações, experiências de desamparo e até ameaça de morte, antes de serem finalmente acolhidos, aprenderem com a Vida e com mestre, terem crescido e se reconhecerem homens feitos. Embora diferentes, as vivências traumáticas eram similares no sofrimento que causaram.  

Os anos se passaram e os garotos se transformaram em homens mduros e virtuosos. Ambos formaram família e viviam bem. Havia, no entanto, uma diferença muito visível para mestre Hong e todos que conheciam os dois discípulos dele: Shen Zhu-Nai, conquanto tivesse se empenhado em ser homem esclarecido, cumpridor das leis, obediente ao mestre e aos ensinamentos por ele passados, e apesar de viver confortavelmente e ter superado todas as adversidades da infância, parecia amargurado, tinha sempre o semblante duro e agia sempre com muita secura, desconfiado das intenções de todos que dele se aproximavam. Vivia angustiado, permanentemente atormentado pelo desejo de autossuperação e de atingir a perfeição em tudo que fazia.

Jin-Luan, ao contrário, se mantivera doce, amistoso, de fácil convivência, igualmente virtuoso, mas sem cobrar isso das outras pessoas; desenvolveu uma capacidade maior de não julgar os outros e de aceitar as diferenças. Também tinha feridas emocionais antigas que insistiam em se fazerem presentes, mas não culpava o mundo pelas duas dores.

Um dia, angustiado como sempre, Shen Zhu-Nai foi conversar com o mestre:

- Mestre, não entendo… tudo está bem, não tenho grandes problemas, mas apesar disso sinto muito desconforto, me sinto aprisionado a algo, como se alguma coisa me mantivesse cativo, me impedindo de sentir leveza, me privando de expressar algo dentro de mim que não sei o que é. O que pode ser?

O mestre manteve-se calado, com o olhar fixo numa ave que cantava próximo à janela.

- Mestre, está me ouvindo? Por que não me responde?

O mestre permaneceu imóvel e calado. Passados alguns minutos o discípulo fez o costumeiro gesto pedindo para sair e só então o outro homem reagiu e falou:

- Shen Zhu-Nai. Espere. Quando pensou em se afastar um pensamento invadiu sua mente, acompanhado de sentimento similar. O que pensou e sentiu Shen, ao me ver calado diante de sua queixa?

_ Senti-me humilhado. O senhor pareceu ignorar minha dor, mesmo eu tendo lhe confiado inquietação tão íntima.

- Por que sentiu-se humilhado e não apenas impaciente ou  irritado com meu silêncio, o que seria normal? Por qual razão eu iria humilhar você?

_  Não sei, mestre,  julguei mal sua reação; perdoe-me.

_ Não preciso do seu pedido de perdão porque você não me ofendeu. Desejo apenas que você entenda o que orienta seus pensamentos e suas emoções.  Vou lhe confiar um segredo: há pouco Jin-Luan veio a mim com uma queixa semelhante a sua e eu agi da mesma forma: me mantive em silêncio. Diferentemente de você, ele esperou longo tempo compartilhando pacientemente do silêncio comigo até que, desejando não incomodar, me pediu permissão para sair, sorrindo docemente. Eu perguntei o que ele estava pensando sobre o meu silêncio e ele respondeu-me:

- Suponho que o senhor deseja pensar mais sobre o assunto ou espera que eu descubra a resposta sozinho. Nos dois casos, mestre, devo me ausentar. Eu consenti que ele saísse, prometi que o chamaria quando tivesse a resposta que ele buscava. Mas ele não sentiu-se humilhado. Que nome você dá a sua reação?

- Orgulho ferido?  Perguntou o rapaz.

_ Sim. Mas além do orgulho há outra erva daninha plantada no seu coração que ainda cresce: o sentimento de menos valia. Perceba que esse sentimento, que vou chamar de Sentimento de Inferioridade existe em vocês dois… e precisamos acabar com isso. Mas me chama a atenção a diferença de reação. E a sua dureza. Estou convencido de que a ausência de doçura em você é resultado de um forte sentimento de orgulho. A pessoa orgulhosa, Shen, sempre acha-se muito valiosa, merecedora de toda a atenção e de todas as benesses do universo. Costumam ser pessoas muito inteligentes, assim como você, mas superestimam o próprio merecimento. Quando a resposta desejada não vem, porque não há pessoas melhores que as demais, efetivamente, o orgulhoso se ressente, se magoa, sente-se humilhado, ferido em alguma parte muito profunda de si mesmo. Tanto quanto você, Jin-Luan  foi maltratado pela vida; sofreu e chorou. E como você, superou todas as adversidades, mas sem perder a doçura. Por que? Porque tem menos orgulho que você. Para ele está mais fácil conquistar a sensação de leveza, desejada também por você. A ele basta desvencilhar-se do passado, das feridas de infância que ainda sangram e são a causa do sentimento de menos valia dele. No seu caso, além de lutar contra o persistente sentimento de inferioridade você ainda tem como inimigo o orgulho, a excessiva suscetibilidade diante da frustração, como se o mundo devesse curvar-se diante das suas necessidades e do seu senso de importância exagerados… O rapaz interrompe a fala do ancião e diz:

_ Mestre, eu entendo o que é o orgulho, mas não me considero orgulhoso… só conheço os meus direitos, sempre enxerguei o que me parecia ser meu por direito… O mestre corta-lhe a palavra e acrescenta:

- E sempre se ressentiu de o Destino ter-lhe negado tantas coisas na infância.

Parecendo sentir vergonha de reconhecer a verdade nas palavras do mestre, o rapaz calou-se.

- Peço-lhe que medite sobre isso, que avalie o quanto o orgulho ferido na criança do passado ainda está presente em você e veja como isso orientou as suas decisões inconscientes de isolamento e de autoproteção, construindo escudos e carapaças que lhe dão a aparência assustadora e por vezes aversiva, quando seu desejo é parecer doce e acolhedor, o que efetivamente você o é em essência. Percebeu, Shen, o que estou tentando lhe mostrar? Que a origem do sentimento de limitação, de aprisionamento é o escudo protetor que você próprio criou para defender-se de ter seu orgulho ferido? Que esse foi o mecanismo que adulterou sua essência e roubou de você a doçura? Livre-se do sentimento de prepotência, livre-se do orgulho e compreenda que  todas as pessoas, errando ou acertando, têm igual valor aos olhos do Universo, não importando as conquistas materiais e intelectuais que tenham acumulado. Na contabilidade do Universo contam mais as conquistas do sentimento, a ampliação de consciência.

O rapaz calou-se, desejando refletir sozinho sobre o que ouvira, e pediu permissão para afastar-se; queria meditar. O mestre consentiu, feliz, antevendo um início de caminhada produtiva na direção do autoconhecimento e da desejada paz interior.”

Com essas analogias estou tentando expressar minha percepção de que o Complexo de Inferioridade surge e cresce com vivências de desamparo e sofrimento intensos na infância e que a superação desse sentimento ou o disfarce dele ocorrerá por caminhos diferentes. Nas pessoas em que o orgulho atua como manifestação da Sombra de forma muito intensa, o indivíduo vai afastar-se da doçura, vai perder a leveza e alimentar um forte senso crítico como forma de autoproteção. Naquelas em que o orgulho é menor, embora igualmente desenvolvam o Complexo de Inferioridade, não perderão a doçura porque se sentirão menos aviltadas; não terão o sentimento, por vezes inconsciente, de que algo lhe foi “roubado” ou negado. Não acharão que as pessoas e o mundo lhe ameaçam. Essas precisam também livrar-se do sentimento de menos valia e terem a autoestima reforçada, mas é mais fácil para elas se abrirem para receber o que a Vida lhes oferece de bom.

* “O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa re­baixar, vos conduz a  vos considerardes, ao contrário, tão acima dós vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo Q Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.).