"Muitos de
nós somos perfeccionistas. Ou seja, queremos fazer o certo com
exagerada preocupação em não falhar em nada. O sábio Rei Salomão disse:
?Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te
destruirias a ti mesmo?? Eclesiastes 7:16. Ou seja, nos extremos está o
desequilíbrio que pode matar, se não a vida física, com certeza a
liberdade da pessoa ser natural.
Uma
pessoa perfeccionista sente a necessidade de não cometer erros todo o
tempo a fim de que não chamem a atenção dela nunca. Ela teme muito que
descubram algum erro seu. E, geralmente, se pune por ter cometido
falhas, mesmo antes que outras pessoas façam algum comentário negativo
sobre ela. Por que alguém se torna tão perfeccionista? Uma das razões
tem que ver com sentimentos de abandono que a pessoa nutre desde a
meninice ou juventude quando havia em sua família alguma situação
afetiva que promovia a negação de sentimentos, a repressão das emoções,
quase que uma proibição de expressar sentimentos, incluindo zanga,
discordância de idéias, medo, insatisfação, desejos pessoais, etc.
Muitas
crianças quando comentem erros normais da idade, recebem críticas dos
mais velhos como se tivessem que ser adultas precocemente e saber tudo.
Adultos quando não estão bem consigo mesmos, podem explodir com ira
diante de uma criança que faz alguma queixa justa. Mesmo quando uma
criança comete um erro, ou faz uma travessura, as formas como os pais
reagem para com ela podem ser exageradas e até pior do que o que ela
fez.
Uma
mulher comenta: ?Em criança, quando eu tinha feito algo incorreto, meu
pai alcoólico não falava comigo durante vários dias. Ainda posso me
lembrar de me sentir tensa, triste, e sozinha até que ele voltasse a se
comunicar comigo; então tudo estaria bem outra vez. Eu me sentia como se
estivesse sendo abandonada várias vezes. Não sabia que o pensamento e
comportamento alcoólico de meu pai não tinha nada a ver comigo.? (A
Esperança para Hoje?, Al-Anon, p.246, 2005).
Neste
exemplo, como em tantos outros que ocorrem em uma família, ela nutria
uma culpa falsa. Sentia que era um erro dela pelo fato do pai ficar
emburrado vários dias com ela, enquanto que na verdade ele ficava assim
por causa dos problemas dele com o alcoolismo e desordens temperamentais
pessoais.
Ainda que
o medo de abandono é um dos medos universais encontrado em todas as
crianças (outro é o medo do escuro), o medo do abandono não é natural.
Ele indica algum conflito interno na pessoa devido a alguma situação
traumática de sua vida.
Creio que
algumas coisas que podem ajudar neste contexto são: 1)Pare de ficar
chato consigo mesmo exigindo perfeição demais. Isto não significa
tornar-se irresponsável. Significa permitir-se relaxar. 2)Não precisa
pensar ou fazer dez coisas ao mesmo tempo para agradar a todos. 3)Evite
ficar querendo adivinhar o que poderá agradar os outros. 4)Acabe com as
atitudes de agradar a todos o tempo todo custe o que custar. É
impossível fazer isto e não perder sua saúde. Você direito a dizer algo
como: ?Me dê algum tempo para pensar nisto.?, ?Não posso dar minha final
resposta agora. Mais tarde lhe digo o que decidi.?, ?Não tenho
certeza.?, ?Não sei.?, ?Não me interessa este assunto.?, etc. 5)Não se
preocupe em ter que explicar seus motivos para uma pessoa explosiva que
não pensa com sensatez, que não consegue escutar o que você tem a dizer.
Temos o
direito de ser quem somos e a responsabilidade de procurar crescer no
nosso ritmo em direção a ser uma pessoa melhor. Sem exageros
perfeccionistas."